A Justiça na mão das mulheres

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Ela era filha do Céu e da Terra e esposa de Zeus, a quem coube aconselhar com inteligência e perspicácia. Ainda foi mãe de Eumônia (disciplina), Diké (justiça) e Eiriné (paz) e, ao lado de sua família, veio trazer ordem ao mundo dos homens .   Themis, a figura de olhos vendados que está diariamente ao nosso lado, é a primeira mulher que vem à mente quando se fala em Justiça, mas certamente não, a única. Assim como ela, muitas mulheres dedicaram a vida à busca de igualdade de direitos para si e para ou outros. Tantos nomes que é impossível citar. Mulheres de fibra que passaram pelo Poder Judiciário e deixaram suas marcas. Outras tantas que, neste dia 8 de março, ainda estão na ativa, impondo seu ritmo de trabalho apaixonado e cheio de entusiasmo. Porque essas mulheres são mais do que servidoras. Elas, assim como Themis, são mães, são esposas, são filhas e conselheiras. Neste Dia Internacional da Mulher, a ASJ parabeniza a todas as servidoras que ajudam a construir um mundo melhor.

 Nomes como a da aposentada Adélia Ferreira Silveira,  78 anos, um ícone de servidora gaúcha que, sim, construiu um Judiciário mais justo.  Casada  e mãe de  três filhos - Maria Elaine, Carlos e Adriano – ela não se contentou em ser uma funcionária modelo no Tribunal de Alçada, onde ingressou como datilógrafa em 1972 ainda sem muita convicção do rumo  a seguir. Obstinada, Adélia estudou, formou-se advogada e ingressou em programas internos de promoção, tornando-se assessora judiciária e, mais tarde, secretária de Câmara. Mas o pioneirismo de sua trajetória ainda estaria por vir. Foi à frente do Centro dos Funcionários do Tribunal de Justiça (Cejus) e como diretora da Associação dos Servidores da Justiça (ASJ) que Adélia deixou sua marca no movimento sindical. Foi uma das fundadoras do Sindjus e, até hoje, lembra com carinho das lutas travadas ao lado dos colegas por melhores condições de trabalho e remuneração. “Conheci pessoas maravilhosas nessa época, homens abnegados que inspiravam os outros”, frisou a servidora que acompanhou, de dentro do Poder, a luta travada pela juíza Maria Berenice Dias por maior espaço ao sexo feminino. “Era uma época que mulher não podia nem trabalhar de calças”, recorda. 

De lá para cá, um longo caminho foi percorrido, mas as mulheres ainda seguem galgando novos espaços dentro do Poder Judiciário. Como a desembargadora e nova corregedora geral da Justiça, Iris Helena Medeiros Nogueira, primeira mulher a assumir de forma permanente a função. Forte e determinada, ela pontua que Elas estão ocupando cargos diretivos em diferentes poderes e na iniciativa privada. “Esse processo deve se dar de forma natural tendo por objetivo não só alcançar mais igualdade entre os gêneros, mas também prestigiar a competência de todos, independente do sexo”.  

Falando sobre o peso de ser a primeira mulher à frente da Corregedoria ela garante: “é uma responsabilidade hiperdimensionada, o que faz com que as expectativas se multipliquem”. Para definir as características que pretende imprimir em sua gestão, sugere duas palavras: comprometimento e agilidade. Mas Iris Helena garante que todo o trabalho será feito levando em conta sempre a preocupação com seus semelhantes, uma característica marcante de seus 31 anos de Poder Judiciário: o respeito em primeiro lugar. “Entrei na magistratura ouvindo da Corregedoria que o juiz de direito é o primeiro corregedor da sua unidade cartorária. Então, entendi que é imprescindível a proximidade do magistrado com seus colaboradores para que juntos, organizados, possam vencer todos os entraves e prestar um serviço da melhor qualidade “, frisou.

Ainda em uma “fase de reconhecimento” na Corregedoria, informa que está estruturando suas metas e levando adiante o trabalho desenvolvido pelas administrações anteriores. “Eu encontro uma casa organizada, um grupo unido e que realmente tem propósitos que atendem aos interesses dos magistrados, servidores, de todos os colaboradores e jurisdicionados”, garante Iris Helena, com a segurança de quem tem a casa em suas mãos.

 

Parabéns a todas as mulheres pelo seu dia!

 

Texto: Carolina Jardine 

Foto: Satori/Dollarphoto