Todo cuidado é pouco

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Os números são alarmantes e vão piorar muito antes de começarem a melhorar. A bandeira preta, com as restrições dela decorrentes, é uma ferramenta que está sendo usada muito tardiamente, assim como a vacinação. 

Veja você estes números: em 31/10/2020, o Estado acumulava 265.595 casos confirmados e 5.938 óbitos registrados ocasionados pela covid-19. Portanto, este é o volume acumulado em oito meses de pandemia (março/20 a outubro/20). 

Passados quatro meses (nov/20 a fev/21), metade do período anterior, já se tem, em 28/02/2021: 640.924 casos confirmados e 12.392, acréscimo, portanto, de 375.329 e 6.454 óbitos, respectivamente, mais que o dobro, na metade do tempo. Por fim de 01/03 a 08/03 (ontem): 50.481 casos novos confirmados e 1.170 óbitos. 

Nesse compasso, quantos casos teremos em dois meses (março e abril), metade do período anterior? Se uma semana já gerou mais de 50 mil casos, em oito semanas, provavelmente serão 400 ou 500 mil, considerando o efeito multiplicador decorrente do fato de que cada pessoa doente tem potencial de contaminar mais duas ou três, numa cadeia sem fim, até que fatores ajam fortemente sobre a circulação do vírus. 

As consequências desse avanço já estão sendo sentidos no ambiente hospitalar com falta de leitos clínicos e de UTI em todo o Estado.

Pode-se especular o que deu causa a esse descontrolado fenômeno, se for olhado para o passado e identificados elementos sincronizadores que geraram esse monstro: primeiro, a flexibilização precoce motivada por fatores políticos e econômicos; segundo, na carona desse primeiro estágio, a crescente mobilização em função da campanha eleitoral, momento em que, no seu final, os números crescentes já eram visíveis e havia necessidade de sua contenção. Terceiro, feriadões de outubro e novembro acrescido das festas de fim-de-ano e as férias com viagens e aglomerações de toda a sorte, fechando com o carnaval (16/02), cujos se fizeram sentir no resultado acumulado de casos confirmados, no final de fevereiro

A bandeira preta e suas restrições provoca isolamento social e achatamento da curva de crescimento, combinados com a vacinação, aos poucos vai encolhendo a multiplicação da doença, até chegar a um nível de 70 a 75% de vacinados que geram, finalmente, estagnação na circulação do agente contaminador.

O que se espera é que, diante desse quadro dantesco, (isto mesmo, lembrando a Divina Comédia, de Dante) a população possa, conscientemente, entrar em modo de defesa praticando regras sanitárias, usando máscara, álcool em gel, isolamento social e outras orientações cientificamente informadas em defesa da saúde e da vida de todos, dentro da máxima um por todos e todos por um, além da adoção da vacina. Com isso, há chances de que a situação possa deixar de piorar e passar a um estágio de melhoria para a sociedade. A ASJ pede: cuide-se, porque todo o cuidado, nesse quadro, é pouco.

Crédito da foto: Drazen Zigic/Istock