Deputados retiram quórum, adiam votação de recomposição e revoltam servidores

Depois de mais de um ano de articulação, de inúmeras sessões em diferentes comissões e horas de debates e negociações, os parlamentares viraram as costas para o funcionalismo na noite desta terça-feira (18/12). O acerto, que retirou o quórum da última sessão do ano, foi alinhado ainda no início da tarde, quando definiu-se uma lista de 43 projetos que entrariam na pauta do dia. Estrategicamente posicionados, os últimos cinco referiam-se à recomposição do funcionalismo. Por pressão das arquibancadas, lotadas de servidores e ornamentadas com faixas, os deputados chegaram a apreciar requerimento de inversão da pauta para antecipar a votação dos projetos, mas os servidores foram derrotados. Por outro lado, o PL que prevê aumento de ICMS por mais dois anos e o Orçamento 2019 passaram sem dificuldades pelo plenário.

Foi preciso ter paciência para aguardar o andamento do rito estabelecido, processo que entrou noite adentro. A demora, contudo, não desmobilizou a categoria, que seguiu vigilante. Já era quase 20h e os deputados aproximavam-se da votação do 39º projeto do dia – o PL do Poder Judiciário - quando o deputado Gabriel Souza pediu conferência de quórum. Apesar de estarem em plenário, inúmeros deputados não deram presença ao sistema, o que interrompeu a última sessão da 54ª legislatura e arrancou vaias das galerias. Muitos parlamentares deixaram o recinto em silêncio enquanto os servidores entoavam gritos de revolta e anunciavam uma iminente greve geral. 

Acompanhando os trabalhos na Assembleia Legislativa desde a manhã, o presidente da ASJ, Paulo Olympio, e o diretor Paulo Chiamenti estiveram presentes em plenário até o fim. Ao lado do vice-presidente, Luís Fernando Alves da Silva, e dos diretores Valentina Martignago e Geraldo Warth, os colegas da ASJ fizeram coro ao movimento. Ao fim da sessão, que acabou levando ao choro e desespero muitos colegas, o deputado Pedro Ruas reuniu o funcionalismo para alinhar uma estratégia de enfrentamento. Segundo ele, agora, é preciso solicitar reunião com o presidente da Casa Legislativa, Marlon Santos, para pleitear encaminhamento para a matéria. Os servidores ainda têm expectativa de que uma sessão extraordinária seja convocada ainda em 2018 para apreciar os projetos de reajuste.  "Amargamos mais de um ano de espera pela recomposição salarial de 5,58%, possibilidade eliminada pelos deputados que simplesmente saíram do plenário. A atitude provocou a indignação dos servidores, sendo muito justo o grito de greve geral", declarou Olympio. 

Texto e fotos: Carolina Jardine

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