Revisão Geral Anual é a principal alternativa apontada pelas entidades da União Gaúcha para a crise no IPE Saúde

Na reunião da União Gaúcha dessa segunda-feira (17/4) na sede administrativa da Adpergs, os dirigentes das entidades apontaram a Revisão Geral Anual, como a principal alternativa para a crise no IPE Saúde.  Sob a direção do vice-presidente da UG, Mário Rheingantz que é presidente da Associação dos Defensores e Defensoras do Estado, a pauta que é central nas discussões da entidade foi amplamente debatida, com análise dos diagnósticos apresentados pelo governador do Estado na semana passada, aos parlamentares.

O IPE Saúde é o tema que permeia todas as reuniões da UG, em especial, nesses primeiros meses do ano, em que o governo anunciou uma reformulação no Instituto. Sem ainda ter o conhecimento das propostas que estão sendo elaboradas pelas equipes responsáveis do governo, o assunto vem gerando inseguranças e dúvidas nos servidores sobre o futuro do sistema de saúde, que conta com mais de um milhão de vidas. Os servidores temem que, mais uma vez, sejam penalizados pela consequente crise financeira gerada por gestões políticas e pouco comprometidas com a autarquia durante anos.

Conforme apontou o presidente da União Gaúcha, Cristiano Vilhalba Flores, na audiência pública realizada na última quarta-feira, 12, na Assembleia Legislativa, o IPE Saúde poderia apresentar um superávit de R$ 400 milhões no ano, caso os servidores recebessem a reposição inflacionária, que já soma quase 60% no índice de defasagem. A provável taxação dos dependentes, apontada pelo governo como uma das alternativas para o IPE, acabaria, conforme entendem as entidades, causando um desestímulo aos servidores que se desligariam do IPE, inchando o Sistema Único de Saúde (SUS), causando um colapso na saúde pública e gerando um grave problema à toda a sociedade gaúcha.

Em vista disso, a União Gaúcha vem fazendo movimentos em direção aos deputados e órgãos do governo mostrando as alternativas viáveis para o IPE. A entidade tem acento no Conselho de Administração do IPE Saúde e se sente responsável para, junto com o governo, buscar as soluções possíveis para o fortalecimento do Instituto. No decorrer da semana, a coordenação, junto com os seus representantes no Conselho, irá elaborar uma minuta que apresentará as falhas e as soluções ao sistema de saúde do funcionalismo.

Na semana passada, na última quinta-feira, 13, por exemplo, a coordenação executiva da UG visitou os assessores do vice-governador, Gabriel Souza, o secretário-executivo de Assuntos institucionais do Estado, Janir Branco e Maicon Di Giacomo, assessor-executivo de assuntos institucionais para tratar não somente do IPE Saúde e da Revisão Geral Anual, mas também do IPE Prev e do Regime de Recuperação Fiscal. Na sequência, o grupo se reuniu com o secretário-chefe da Casa Civil, Artur Lemos, onde as lideranças puderam observar as intenções do governo para com o IPE Saúde e as demais pautas.

Ainda, na reunião dessa segunda-feira,17, as entidades também debateram a PEC 555/06, com o presidente do Mosap, Edison Haubert, que participou de forma virtual. A PEC revoga o dispositivo da Emenda Constitucional – da Reforma da Previdência, acabando com a cobrança de contribuição previdenciária sobre os proventos dos servidores públicos aposentados (Contribuição de Inativos).

Fotos: Gilvânia Banker

 

 

NOTA PÚBLICA DA UNIÃO GAÚCHA SOBRE A PROPOSTA DO GOVERNO PARA O IPE SAÚDE

Em relação à proposta apresentada no final da tarde de ontem 17/4, pelo governo do Estado, a União Gaúcha em Defesa da Previdência Social e Pública, instituição que congrega 27 entidades representativas dos servidores públicos, manifesta-se através da presente nota.

Primeiramente cabe destacar que a referida proposta não foi construída de forma dialógica, seja com o conselho do IPE Saúde ou com entidades representativas dos usuários.

Em sentido geral, a proposta claramente representa uma conta de chegada para reajustar a tabela dos honorários médicos. Trata-se de um pleito legítimo reivindicado pela categoria médica, contudo não pode ser o único interesse que paute a proposta de reestruturação do IPE Saúde. Um dos primeiros efeitos deletérios que se verifica nas medidas apresentadas é uma combinação de redução real do salário dos servidores e uma barreira econômica para acessar o serviço de saúde. Isso porque o governo reajusta o percentual da contribuição dos usuários, a coparticipação em exames e procedimentos e a cobrança por dependentes. Diferentemente do que o governo divulga, os dependentes pagam coparticipação em consultas e exames. A maioria paga 40% de coparticipação em todos os exames sem que haja um limite, o que não ocorre nos planos privados. 

Outro aspecto perverso da proposta apresentada é a ausência de indicadores e metas de gestão específicos da medicina com os quais o governo se comprometa. Cabe mencionar alguns exemplos praticados por planos de saúdes privados: medicina preventiva, telemedicina, saúde mental e sinergias com a secretaria da saúde. Também a proposta é desprovida de levantamentos de sinistralidade das carteiras do IPE Saúde, limitando-se a estabelecer parâmetros etários comparativos seletivos a planos privados sem qualquer exame de aderência à base de segurados do IPE Saúde.

Ao longo dos anos os governos têm sido inadimplentes contumazes de suas obrigações junto ao IPE Saúde e não está sendo diferente no atual governo. Novamente está sendo naturalizado o descumprimento do § 3, artigo 28, da Lei 15.144/2018, que prevê o repasse de recursos relativos ao patrimônio imobiliário do então IPERGS para cobrir o déficit do FAS (Fundo de Assistência à Saúde vinculado ao IPE Saúde). Também as contribuições do IPE Saúde retidas de RPVs e precatórios do período de 2010 a 2021 não foram repassadas ao Instituto. Nessa mesma toada, a contribuição paritária relativa a pensionistas do período de 2015 a 2018 também não são repassadas (estima-se que os valores corrigidos se aproximem de R$ 500 milhões).

Não bastasse a ausência de repasses, o IPE Saúde também deixa acumular desarrazoadamente créditos no seu balanço patrimonial. Atualmente, há um crédito do IPE Saúde junto ao Estado de R$ 940 milhões que, embora o IPE venha cobrando, não está assegurada a regularidade dos repasses correspondentes.

Lamentavelmente o governo sinaliza despejar os custos de inadimplência, de precarização da gestão, de incapacidade de enfrentar os problemas estruturais do instituto no bolso dos segurados. Justamente o único grupo adimplente com o IPE Saúde (a maioria são de servidores e pensionistas que têm os valores cobrados retidos no contracheque). Não representa solução para o IPE Saúde qualquer tentativa de turvar o debate, comparando-o indevidamente com um plano de saúde privado. Pela legislação, o Instituto é um sistema da saúde contributivo e para se resolver os problemas financeiros de curtíssimo prazo, somente a revisão geral anual trará os efeitos desejados. 

Por fim, esperamos que o governo retire a proposta apresentada e abra uma construção dialogada com todos os atores sociais envolvidos com o IPE Saúde, orientando-se por uma política baseada em evidências. 

 

Cristiano Vilhalba Flores

Presidente da União Gaúcha

 

Governo apresenta proposta inicial para o IPE Saúde

 

Com o objetivo de promover o reequilíbrio financeiro e a qualificação do serviço prestado pelo IPE Saúde, o governo apresentou nesta segunda-feira (17/4) uma proposta inicial de reestruturação do plano de saúde dos servidores. Em reunião realizada no Galpão Crioulo do Palácio Piratini, o governador Eduardo Leite expôs a deputados estaduais os quatro eixos que sustentam a proposição do Executivo. Os pilares da iniciativa são: auditoria e regulação, equalização do passivo, ajuste das despesas e revisão do modelo de financiamento do plano.

Em relação ao primeiro eixo, o Executivo pretende reforçar a capacidade do IPE Saúde de realizar auditorias, a partir da contratação de profissionais especializados, uso de tecnologia e redimensionamento da rede de credenciados, entre outras medidas. Para equalizar o passivo de R$ 250 milhões da instituição, montante em redução nos últimos anos, a proposta é de ampliar a negociação dos créditos a receber do IPE Saúde junto ao Estado.

No ponto de ajuste das despesas, o governo implantará novas tabelas de remuneração para os profissionais de saúde e instituições credenciadas, o que qualificará o atendimento aos segurados. Consultas médicas, visitas hospitalares e procedimentos médicos receberão reajuste.

 

Novo modelo de financiamento

O último e mais importante eixo da proposta inicial do governo envolve o financiamento do IPE Saúde. O modelo apresentado nesta segunda-feira tem como premissas não sobrecarregar os titulares do plano, a manutenção do princípio da paridade entre Estado e servidores estaduais – com aumento da contribuição patronal, havendo aumento do valor pago pelo segurado –, a contribuição de dependentes e a consideração da faixa etária dos segurados como elemento limitador para as mensalidades.

O governo entende que, a partir desses conceitos, em sintonia com a lógica de cobrança dos sistemas de assistência à saúde em outros Estados, o reajuste financeiro significará uma melhoria na qualidade de atendimento aos segurados.

"Essa é uma primeira proposta, que contempla o que é necessário para que possamos promover o equilíbrio financeiro do IPE-Saúde e qualificar o plano. A partir de agora, vamos receber sugestões dos deputados para que a proposta original possa ser melhorada e tenhamos condições de oferecer um plano de saúde moderno e sustentável para os nossos servidores e dependentes", disse o governador.

A proposta inicial do Executivo ampliaria a alíquota dos titulares, hoje em 3,1%, para 3,6%, índice que era aplicado até o ano de 2004. A alíquota do Estado também aumentaria para o mesmo patamar. Os valores para os segurados não poderiam exceder o que determina a Tabela de Referência de Mensalidade (TRM) do IPE Saúde. Ou seja, o segurado pagaria sempre o que for menor: ou o valor previsto na tabela ou montante extraído do cálculo percentual com base no salário.

Em relação à cobrança de dependentes, seria estipulado um percentual a partir do valor de referência do titular do plano, conforme a idade do dependente. Os valores cobrados ficariam abaixo da média praticada pelo mercado, conforme a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). E a coparticipação em exames e consultas passaria de 40% a 50%.

Texto: Juliano Rodrigues/Secom

Edição: Vitor Necchi/Secom

Foto: Grégori Bertó/Secom

 

Governo do RS abre debate sobre reformulação do IPE Saúde

 

A diretoria da Associação dos Servidores da Justiça do RS (ASJ) acompanhou nesta quarta-feira (12/04) a divulgação pelo Governo do Estado do diagnóstico sobre a situação do Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul (IPE Saúde). O Executivo, entretanto, ainda não apresentou as propostas de reformulação, que devem vir à público apenas nas próximas semanas, quando o documento for enviado para tramitação na Assembleia Legislativa. De acordo com o governador Eduardo Leite, o prejuízo mensal de R$ 36 milhões tem como origem em fatores como a idade avançada dos segurados; grande percentual de dependentes que utilizam o sistema sem contribuir; e não adesão ao plano por servidores com altos salários. 

Paulo Olympio, presidente da ASJ, enfatiza que a preocupação do Executivo deve estar centrada em recuperar o instituto sempre preservando os direitos dos servidores. "O Governo tem que apresentar soluções concretas e urgentes, sem penalizar o servidor, dado o agravamento da ocorrência de situações de sobressalto que tiram a tranquilidade dos maiores interessados no plano: o servidor e seus familiares", aponta.

Atualmente os contribuintes repassam ao IPE o equivalente a 3,1% do valor do salário, valor complementado por outros 3,1% pagos pelo governo. O debate sobre a crise nas finanças do Instituto, que atende a mais de 1 milhão de usuários, reacendeu na mesma semana em que os mais de 6,5 mil médicos credenciados iniciaram um movimento de paralisação dos atendimentos por quatro dias. A categoria pede a reestruturação da autarquia e a revisão dos honorários dos profissionais, defasados há 12 anos.

A luta pelo reequilíbrio do Instituto é antiga. A União Gaúcha em Defesa da Previdência Social e Pública, a qual a ASJ integra, aponta que nos últimos anos a atuação do IPE vem sendo reduzida para assegurar caixa à administração, através da apropriação de imóveis do Instituto e a retenção de recursos por parte do Executivo gaúcho referente aos valores de Precatórios e Requisições de Pequeno Valor (RPVs). 

Também contribui para o desequilíbrio questões que vão desde a falta de provimento de pessoal, passando por falhas na área de auditoria médica, chegando ao uso da estrutura administrativa - presidência e diretorias - como moeda política. Além disso, também pesa para o aumento do prejuízo o achatamento dos salários dos servidores públicos. 

Para a União Gaúcha, há a necessidade de revisão do Conselho de Administração para que os espaços técnicos sejam em maior número do que os políticos, diferentemente do formato atual, de se aprimorar a área de auditoria sobre os convênios com as prefeituras e serviços médicos, de atualização das avaliações dos imóveis e transparência sobre o que já foi vendido, de análise sobre as limitações impostas pelo regime de recuperação Fiscal (RRF) e de recuperação da credibilidade do Instituto, com o cumprimento dos acordos estabelecidos em termos de prazos, tabelas e valores.  

Acesse o Diagnóstico apresentado pelo Governo: aqui 

Foto: Maurício Tonetto Secom

Informações Adicionais