Histórias de um changueador
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- Publicado em Quarta, 28 Maio 2014 20:33
Ele é um homem simples e de fala sincera como todo gaúcho que começa a vida no interior e ganha a cidade. Foi em São Borja, onde cresceu ao lado da mãe e dos três irmãos, que o oficial de Justiça aposentado Pedro Paz começou a vida. A lida iniciou-se muito cedo, aos 8 anos, em uma época em que as camisas eram feitas de bolsa de farinha de trigo e o tamanco só se usava à noite. “A gente era feliz”, lembra emocionado o servidor, hoje com 75 anos, 36 deles dedicados ao Judiciário. Paz trabalhou na estiva, colheu arroz à foice, cumpriu mandados pelo Interior a cavalo, deu aula em cursinhos preparatórios para concursos de Oficial de Justiça e redigiu apostilas certeiras que ajudaram muitos a ingressarem no quadro do Poder.
Ele conta que foi o Exército que o ajudou a forjar valores e contribuiu para um cidadão atuante e que, até hoje, representa a categoria. Sua atuação no Judiciário começou como Ad Hoc em São Borja. Em 1967, foi aprovado em um concurso público para Oficial de Justiça e, em outubro de 71, mudou-se para Pelotas, onde trabalhou até a aposentadoria e criou os filhos Maria da Conceição e Pedro Paz Júnior após a morte da esposa Hilda. Entre os orgulhos estampados nas fotos da parede estão dezenas de certificados de congressos e eventos dos servidores, a foto da formatura do filho em Eletromecânica, da filha que seguiu a carreira do pai e o neto Pedro Miguel, um menino de olhos vivos como o avô.
Atento e inquieto, o aposentador Pedro Paz é avesso aos computadores, mas não parou no tempo. Ele quer mais para si e para todos os servidores gaúchos. Atuante, vem a Porto Alegre quando pode e se diz um homem realizado. “Sou uma pessoa que trabalhou na estiva, morava em uma casa de parede de barro e sem luz elétrica. Fazia de tudo, era um verdadeiro changueador como ser diz na Fronteira”, conta.
Hoje, entre suas preocupações referentes ao Judiciário está o fim do pagamento da URV. “As pessoas incorporara a URV nos salários. Agora, vai nos quebrar as pernas.”, lamenta. Outra preocupação é com o rumo das representações. “Não pode ter dentro das organizações funcionais ingerência política e partidária. Hoje, as entidades estão todas infiltradas. São poucas as entidades que não tem ideologia partidária. As centrais sindicais são governistas, chapa branca”, alerta.