Leite alerta que "arrocho será geral"

 

Na reunião do Conselho de Estado, que reúne os chefes de poderes e instituições com autonomia financeira e administrativa, o governador Eduardo Leite detalhou o  cenário dramático das finanças do Estado, com a perda de arrecadação prevista para os próximos meses. Disse que vai precisar de “um esforço coletivo” e avisou: é provável que tenha de contingenciar o duodécimo, que até aqui vem sendo repassado em dia.

 

 

Leite começou agradecendo a compreensão dos chefes de poder e de órgãos autônomos que cortaram gastos e abriram mão de R$ 150 milhões do orçamento anual para colaborar no enfrentamento ao coronavírus. Sinalizou, no entanto, que será difícil manter os repasses mensais previstos no orçamento.

— Os tempos serão duríssimos para todos.  Chamamos a atenção de que vamos precisar de um esforço coletivo dos outros poderes. Já fizeram um primeiro movimento de redução de gastos, que nós ressaltamos, mas a profundidade dessa crise vai exigir ainda mais. Falamos sobre a perspectiva de ter de contingenciar repasses de duodécimos aos outros poderes. É algo que se impõe neste momento absolutamente dramático. Estamos conversando com lealdade e respeito aos outros poderes.

 

Da reunião no Palácio Piratini participaram o vice-governador Ranolfo Vieira Júnior, o presidente da Assembleia, Ernani Polo, o procurador-geral de Justiça, Fabiano Dallazen, o presidente do Tribunal de Contas, Estilac Xavier, o defensor-geral, Cristiano Heerdt e o procurador-geral do Estado, Eduardo Cunha da Costa. O presidente do Tribunal de Justiça, Voltaire de Lima Moraes, foi representado pelo 3° vice-presidente, desembargador Ney Wiedemamn Neto.

 

Depois da reunião, Dallazen disse que os poderes têm compreensão das dificuldades e, por isso, já deram uma contribuição voluntária:

 

— O cenário é ruim, não há certeza quanto à duração da crise. Todos estão solidários. Temos de construir soluções. Não tem por que partir para um confronto.

 

Leite também discutiu as medidas restritivas adotadas no Estado para tentar conter o avanço do coronavírus. Nesta quinta-feira (9/4), um novo decreto devolveu às prefeituras a decisão sobre a retomada de algumas atividades, como lancherias, restaurantes, salões de beleza e lojas de chocolate.

 

Aos integrantes do Conselho de Estado, repetiu o que vem dizendo nos últimos dias diante da pressão para liberar as atividades econômicas: que qualquer decisão será embasada em dados.

 

À colunista Rosane de Oliveira, do jornal Zero Hora, o governador garantiu:

 

— Eu também gostaria de relaxar restrições. Mas, para fazê-lo, preciso de dados e evidências sobre a tendência do contágio. Preciso ter as informações em tempo real das internações nos leitos clínicos e nos leitos de UTI nos diversos hospitais do Estado. São cerca de 300. Preciso dos resultados da pesquisa científica que será feita sob a coordenação da UFPEL, com os testes rápidos, apontando a extensão e a prevalência do coronavírus na população. Serão informações que nos darão condição de manter o dedo no pulso constantemente para, diante de uma alteração de tendência, agirmos rapidamente para maiores restrições ou, verificando estabilidade, sustentar vedações menos restritivas.

 

A expectativa é dispor desses dados no início da próxima semana.

 

 

Reportagem: Rosane de Oliveira/ Zero Hora

Foto: Gustavo Mansur / Palácio Piratini/Divulgação

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