Seminário esclarece dúvidas sobre a adoção

O tempo de tramitação de um processo de adoção, quem são e onde estão as crianças aptas a ganharem uma nova família e a construção dos vínculos de afeto são as algumas das questões abordadas no seminário Discutindo a Adoção, realizado na tarde de sexta-feira (26/8) no auditório do Foro Central II. O evento, organizado pelo 2º Juizado da Infância e Juventude da Comarca de Porto Alegre, reuniu parte dos candidatos a adotantes da Capital, com o objetivo de esclarecer dúvidas sobre os aspectos jurídicos e administrativos da matéria, bem como trocar experiências sobre o tema e despertar a reflexão sobre a adoção tardia.

O titular do 2º JIJ, Juiz Marcelo Mairon Rodrigues, abriu o evento explicando que se trata do primeiro de uma série de seminários que promoverão a aproximação com as pessoas habilitadas a adotantes. Nossa pretensão é que vire um trabalho permanente, com grupos menores, para continuarmos debatendo, trocando experiências, de forma a contemplar o interesse das crianças e adolescentes que serão adotados, afirmou o magistrado.

Ele também informou que, desde o mês de julho, o 2º JIJ ganhou o reforço de mais uma magistrada, o que confere maior celeridade ao trabalho na unidade. Ainda, o Juiz Marcelo Mairon Rodrigues apresentou ao público a campanha Deixa o Amor te Surpreender, que está sendo organizada pelo Poder Judiciário e será lançada no mês de outubro. A ação enfocará a flexibilização do perfil procurado pelos adotantes para que ampliem para os grupos de irmãos, adolescentes e jovens especiais.

Expectativa e mudança de perfil
O casal Alexandre e Carla Recuero estão na fila de adoção há 5 anos. Eles buscam uma criança de qualquer sexo ou cor, que tenha até 4 anos de idade. Os dois foram até o Foro Central II na tarde da sexta-feira (26/08) com a expectativa de esclarecerem dúvidas, especialmente em relação aos vínculos familiares. Queremos saber o que configura o vínculo com a família biológica quando a criança já está no abrigo. Para que ele exista, é preciso que a família visite a criança.  Do contrário, a criança estará sendo privada de ganhar um novo lar, afirma o comerciante.

A Corregedora-Geral da Justiça, Desembargadora Iris Helena Medeiros Nogueira, ressaltou que a adoção é um tema delicado e que as pessoas que integram os órgãos do sistema jurídico envolvidos - Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública - têm rosto e são envolvidos com a causa da Justiça. O ideal seria que os pais pudessem criar e amar os seus filhos. Quando isso não acontece, vêm os pais do coração que doam tanto da sua vida e imenso amor, possibilitando que esses jovens retomem a vida, abandonando a rejeição. O amor é a mola mestra da construção de todos os seres humanos, afirmou a Corregedora.

A Coordenadora do Centro de Apoio Operacional da Infância, Juventude, Educação, Família e Sucessões do Ministério Público, Procuradora de Justiça Maria Regina Fay de Azambuja, destacou que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê a aproximação dos candidatos e dos jovens, mas que esta é uma questão que precisa ser amadurecida. Isso é o mesmo que quebrar um tabu. Mas precisamos priorizar a proteção das crianças e dos adolescentes, não podendo ser feita de forma bruta nem apressada, ressaltou a Procuradora. Para tanto, é importante esclarecer e informar. Esse encontro é o início de uma caminhada que vai trazer benefícios a essas crianças e adolescentes que carregam um sofrimento muito grande, acrescentou.

O Presidente da Comissão Especial da Criança e do Adolescente (CECA) da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio Grande do Sul, Carlos Luiz Sioda Kremer, defendeu uma mudança de paradigmas que ainda perduram quando o assunto é adoção, como a flexibilização do perfil. Não é aceitável que essas crianças permaneçam nos abrigos até atingirem a maioridade penal. Precisamos mudar e melhorar e seminários como este servem para isso.

Representando a Direção do Foro, o Juiz Marco Aurélio Martins Xavier, que coordena a Central de Atendimento Psicossocial Multidisciplinar (CAPM) da Comarca de Porto Alegre, enfatizou que o processo de inserção familiar é um grande desafio. Quando falamos em adoção, estamos falando em crianças em abandono e em famílias em busca de filhos. Sabemos que a expectativa não é fácil e que é preciso um amadurecimento sobre o passo importante que darão.

Participaram também do evento a Coordenadora da Infância e Juventude do Rio Grande do Sul, Andréa Rezende Russo, a Defensora Pública Marcela Fernandez Gonçalvez Bressani, o representante da Fundação de Proteção Especial do Rio Grande do Sul Dari Pereira e a coordenadora da Proteção Social Especial Julia Obst.

Foto: Gustavo Monteiro Chagas

IMPRENSA TJRS

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