União Gaúcha fará proposições ao plano de mudanças no IPE

Reunido na tarde desta terça-feira (9/6) com lideranças da União Gaúcha, o diretor presidente do IPE, José Alfredo Pezzi Parode, concedeu prazo para que as entidades compilem sugestões ao plano de ajustes do IPE Saúde. As mudanças, que iriam entrar em debate na reunião do Conselho Deliberativo desta quarta-feira (10/6), serão avaliadas pelas entidades de classe, que têm até o dia 24 de junho para se manifestarem. “Estamos correndo contra o tempo. Temos compromisso de encaminhar essa posição à Assembleia até 31 de julho”, salientou, lembrando da cobrança feita tanto pelo TCE quanto pelos municípios. Antes, no entanto, o texto ainda deve ser levado a conhecimento do governador José Ivo Sartori.

Entusiasta de uma administração de resultado, o novo presidente do Instituto garantiu que os servidores não terão prejuízo em relação à assistência prestada, mas que algumas mudanças são emergenciais para assegurar a sobrevivência e afastar o risco atuarial. Após a reunião, o presidente da ASJ, Paulo Olympio, falou sobre a relevância de manter as contas do IPE em dia e qualificar o atendimento, mas alertou sobre o peso dessas mudanças no bolso dos servidores. “Essa cobrança fica ainda mais difícil em um momento de arrocho como esse”, pontuou.

Uma das medidas a ser adotada, explicou o presidente do IPE, é a cobrança de contribuição por parte dos dependentes que, atualmente, usufruem do plano mas não pagam nenhum tipo de tarifa. Nesses casos, será cobrado valor de 5% do Padrão 1 do Quadro Geral, o que representa R$ 33,50 por mês para servidores da Categoria 5, por exemplo. Tal mudança deve representar um acréscimo de R$ 130 milhões nas contas do instituto, o equivalente a um mês de despesas. Dados divulgados pelo instituto dão conta que dos 1 milhão de beneficiários do quadro, 404 mil não realizam qualquer tipo de contribuição ao Instituto. “Para que se tenha os recursos necessários para ampliação da cobertura assistencial e para qualificação, precisamos de recursos”, pontua.

Pelo projeto que vem sendo alinhavado, a adesão ao IPE também será facultativa. Novos servidores terão 15 dias para se manifestar sobre o interesse em participar. Aqueles que silenciarem serão incluídos automaticamente como segurados efetivos, mas poderão se desligar a qualquer momento.

Outra decisão que deve constar no projeto a ser remetido à Assembleia é a segregação dos atuais segurados em planos distintos. Parode pretende criar um plano principal com os servidores do Estado, um para o PAC, outro para o Pames e outro para ser ofertado por meio de convênios a prefeituras e empresas de economia mista. Os planos deverão ter valores diferenciados e, no caso específico dos contratos, serão estabelecidos critérios para cobrança de prêmio de acordo com a faixa etária, seguindo o modelo dos planos privados. Segregadas, as informações financeiras de cada um deles permitirão qualificar a gestão das finanças do instituto. Parode acredita que, agora, é o momento de corrigir brechas que “levam os recursos do instituto pelo ralo”.

Ao reforçar a importância da participação das entidades nos ajustes do IPE Saúde, o presidente da União Gaúcha em Defesa da Previdência, Eugênio Couto Terra, destacou que ouvir a União Gaúcha é uma forma de legitimar o processo de ajuste no Instituto, mesmo, lembrou ele, que isso gere divergências. O dirigente ainda aproveitou o momento para pedir que, quando o administrador iniciar o planejamento do ajuste no setor Previdenciário, chame a União Gaúcha ao debate.

Outra questão que vem sendo tratada dentro do IPE é a revisão dos contratos com os municípios. Segundo o presidente, a relação com as prefeituras será alterada de forma que elas se responsabilizem pela oferta de médicos das especialidades básicas na região. Segundo ele, o IPE não pode se responsabilizar por suprir essas carências. Em caso de ausência de atendimento, o instituto teria liberdade de rescindir os contratos. Parode rebate a informação de que a conta dos contratos dos municípios é paga pelos servidores do Estado. Segundo ele, muitos contratos locais são extremamente lucrativos.

 

Outra mudança que já está em curso, garante ele, é a contratação dos médicos pelo IPE como pessoas jurídicas. Atualmente, a efetivação como pessoas físicas obriga o instituto a desembolsar R$ 45 milhões todos os anos em contribuições e impostos. O processo de substituição será gradativo durante seis meses. “Nossa prioridade é criar condições para fechar esses ralos”. Outro desafio a ser enfrentado é a administração dos mais de 200 imóveis que hoje pertencem ao Instituto. Uma das hipóteses seria a criação de um fundo financeiro vinculado à Previdência, uma forma de transpor o atual patrimônio para um fundo imobiliário. “A Previdência é um problema seríssimo. Temos que fazer algo agora para não estourar depois”, disse o dirigente.

 

Foto:Gilvânia Banker

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