CNSP Entrevista - Paulo Sebastiao Gonçalves Olympio

Antonio Tuccílio, presidente da Confederação Nacional dos Servidores Públicos (CNSP), entrevista Paulo Sebastião Gonçalves Olympio, Presidente da Associação dos Servidores da Justiça do Rio Grande do Sul (ASJ) e Vice-Presidente 1ª Região - Rio Grande do Sul e Santa Catarina. No bate-papo, os dirigentes conversam sobre as ações das entidades.

Assista aqui.

MS | Celso Malhani denuncia a grande reforma previdenciária embutida na PEC 32/20

 

A convite do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Estadual de Mato Grosso do Sul | Sindifisco-MS, o diretor da Fenafisco, Celso Malhani, participou de mais uma discussão em torno da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 32/2020, na tarde desta segunda-feira (23), durante a audiência pública “Impactos da PEC 32 (Reforma Administrativa) para a população e servidores públicos”, realizada no Plenário da Câmara Municipal de Campo Grande.

O evento promovido por proposição do vereador Papy (Solidariedade-MS) foi aberto para servidores públicos, autônomos, estudantes e demais membros da sociedade civil e contou com a presença dos deputados federais Fabio Trad (PSD-MS), Dagoberto Nogueira (PDT-MS), Rose Modesto (PSDB-MS) e Vander Loubet (PT-MS).

Na ocasião, Malhani destacou que mobilização e resistência são fundamentais para que se possa enfrentar a referida PEC, que segundo ele, representa um ataque à sociedade brasileira ao prever a entrega dos serviços públicos à iniciativa privada, segundo a vontade do governante de plantão no poder.

“Esta é uma reforma administrativa que nada reforma! Ao contrário, a tudo desmonta e cria condições para fragilizar o funcionalismo. O artigo 37 da PEC prevê o que convencionamos chamar de “uberização dos serviços públicos, por meio de convênios com entidades particulares, onde poderá ser utilizada a mão de obra privada, mesclada com prédios públicos na prestação de serviços”, explicou.

Malhani reiterou que a reforma administrativa pretendida pelo governo propõe a quebra do regime jurídico único, que garante higidez aos servidores, para que possam entregar de forma republicana, o serviço público à sociedade brasileira.

“A PEC cria um tal de regime jurídico específico, que joga no limbo jurídico os atuais servidores. É o fim da estabilidade, vulnerabilizando totalmente os servidores na prestação do serviço, instituindo o assédio moral, retirando desses servidores a autonomia e viabilizando sim a institucionalização das grandes rachadinhas”.

 

PREVIDÊNCIA

Malhani destacou que, nos moldes atuais, a proposta irá impactar fortemente os atuais servidores, na medida em que a PEC 32/20 prevê uma grande reforma previdenciária, ao permitir que os entes nacionais e subnacionais, por meio de Lei Complementar (LC) própria, estabeleça uma regra para que os novos servidores sejam vinculados ao Regime Geral de Previdência Social (INSS).

Malhani reforçou que havendo a aprovação das LCs, será facultado a todos os níveis de governo, que os servidores ingressantes deixem de contribuir com os regimes próprios de suas unidades, sejam municípios, estados ou da própria União, esvaziando assim a fonte de recursos destes regimes, inviabilizando seu financiamento e impondo um custo de transição “desconhecido” para a sociedade brasileira.

Entre os principais pontos da proposta, o dirigente da Fenafisco também criticou a avaliação de desempenho, a redefinição de formas de remuneração e uma ampliação relevante dos poderes do chefe do Executivo, que poderá nomear cargos em comissão, atribuições e um conjunto enorme de regras organizativas, que hoje são privativas do legislativo.

“A PEC usurpa poderes do Legislativo atraindo para o Executivo, para que ele possa dar consecução no objetivo final dessa PEC, que, penso eu, é submeter o serviço público a quem estiver de plantão no Poder, tanto que se está arrogando na condição de super-poderes.”

 

PARLAMENTARES

Os deputados federais Fábio Trad e Dagoberto Nogueira discursaram fortemente contra as intenções de Paulo Guedes de entregar reformas levando em conta os interesses capitalistas. “O mercado não canta hino, não tem bandeira. Ele visa o lucro e não se preocupa com a desigualdade social, nem com injustiças, para isso, o Estado deve lutar pelo brasileiro”, disse Trad.

Outro representante do estado na Câmara Federal, Vander Loubet, concordou com as colocações dos colegas, e adicionou: “ao entregar a economia para o ministro Paulo Guedes tocar, o presidente colocou uma granada no bolso do trabalhador brasileiro. Isso porque o ministro só atende aos interesses do mercado”.

 

AUDIÊNCIA

O presidente do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Estadual (Sindifisco-MS), Cloves Silva, pontuou que a iniciativa fez parte de um esforço nacional das entidades representativas do serviço público em promover debates locais sobre os impactos da reforma administrativa para a população.

“O que se pretende com a PEC 32 na verdade é fragilizar o Estado brasileiro, o serviço público, e abrir uma nova fronteira para ampliar o espaço da iniciativa privada no setor público. A gente tem de repudiar essa PEC. Por isso estamos nos unindo para promover o debate e alertar a população de um modo geral”, declarou Cloves.

 

Fonte: Fenafisco

Crédito de foto: Ascom / Câmara Municipal de Campo Grande

 

Lira marca votação da reforma administrativa e adia a tributária

 

O presidente da Cãmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta terça-feira, 24, que a Câmara não deve votar a reforma tributária nesta semana, como estava programado, e que voltará a pauta quando “houver convergência”. Já a reforma administrativa, que estava escanteada, deve voltar a ser a bola da vez nas discussões na Cãmara. “Temos que tentar votar a reforma administrativa entre o fim de agosto e o início de setembro”, disse Lira, durante um evento da XP Investimentos. 

Nesta semana, o deputado Arthur Maia (DEM-BA), deve entregar à Comissão Especial da proposta, o relatório com as mudanças no sistema de administração pública. O objetivo do texto é tratar de uma reestruturação de carreiras do funcionalismo público, com o objetivo de diminuir o tamanho do estado brasileiro e os gastos públicos. Já antevendo as resistências do texto na casa, Lira voltou a salientar que a reforma não mexe com direitos de servidores públicos da ativa, e sim nas regras de funcionalismo para o futuro. “O relatório deve vir num sentido de uma reforma para um estado mais leve e mais moderno. Não iremos permitir nenhuma agressão ao direito adquirido. Só queremos majorar o serviço público”, afirma Lira.

Entre as alterações propostas pelo texto da PEC enviado pelo governo, estão o fim da estabilidade dos servidores públicos e mudanças no critério de acesso, com a criação de período de experiência, e a diferenciação entre regimes de carreiras típicas de estado e outras carreiras. A proposta é um dos pilares das grandes reformas da agenda liberal do Ministro da Economia, Paulo Guedes, junto com a  a enroscada reforma tributária tributária.

Por se tratar de uma PEC, o texto relatório precisa ser votado na Comissão Especial e, se aprovado, segue para o plenário, onde precisa do apoio de três quintos dos parlamentares (ou seja 308 deputados, em dois turnos). Caso passe pela Câmara, vai ao Senado, onde passa pela CCJ da casa e depois se encaminha ao plenário, para passar também por votação em dois turnos. Após aprovada nas duas casas, o texto é promulgado pelo Congresso Nacional.

 

Reforma do IR 

Após três adiamentos, o projeto de lei que muda regras do Imposto de Renda para pessoas físicas, jurídicas e investimentos, não está na pauta nesta semana e, por enquanto não há data para votação. “Vamos mudar a estratégia, o governo vai entrar, ficou ratificado que uma convergência é necessária”, disse.  Segundo Lira, serão feitas conversas em separado com cada um dos líderes dos partidos  para tentar essa convergência sobre a proposta, mas ele já descarta apoio para a votação. “Não iremos especular nenhuma possibilidade esta semana, vamos conversar com tempo suficiente.” 

Desde que o governo entregou a proposta ao legislativo, as mudanças no Imposto de Renda passaram a ter grande resistência, em especial do setor produtivo com a taxação de dividendos. Como forma de negociar, o relator Celso Sabino (PSDB-PA) diminuiu a alíquota sobre o IRPJ, gerando grande reclamação de estados e municípios, que perderiam arrecadação.

 

Fonte: Veja

Crédito de foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

 

Ao contrário da reforma administrativa, a tributária é necessária e bem-vinda

A reforma tributária começa a andar. Uma reforma necessária, mas que desde já vem causando dúvidas e debates, o que é normal. O projeto do governo estabelece que valores distribuídos por empresas aos acionistas, como lucros e dividendos, pagarão 20% de tributo. Esse é um fato novo no Brasil, porém segue a tendência global. Apenas dois países não taxam dividendos: Brasil e Lituânia.

Os dados são ultrajantes. Apenas cerca de 20 famílias no país arrecadam cerca de R$ 400 bilhões em dividendos, sem pagar um único centavo de imposto. Uma mudança para que dividendos acima de determinado limite mensal possam pagar 20% de taxa, é mais que bem-vinda.

Uma alteração tributária como essa contenta alguns, mas preocupa outros. A proposta vem deixando empresários, principalmente de empresas em formato de holding, um tanto preocupados.

O problema é que a proposta do governo federal prevê incidência de 20% na distribuição de dividendos em diversas situações, incluindo quando há distribuição em empresas. O repasse pode virar um crédito, que pode ser aproveitado quando a holding distribuir o capital aos acionistas pessoas físicas.

Há mais ajustes na tributação em andamento. O relator da reforma do Imposto de Renda, Celso Sabino (PSDB-PA), após negociações com o governo, deve fixar corte de 12,5 pontos percentuais na alíquota de IRPJ cobrada das empresas. De acordo com o ministro da economia, Paulo Guedes, a redução de impostos deve começar já em 2022.

Um outro ponto, que não é bem visto por alguns empresários, analistas de mercado e investidores, é a previsão de tributação sobre rendimentos de FIIs (também conhecidos como Fundo de Investimentos Imobiliários) a uma alíquota de 15%. Mas alguns investidores comemoraram a decisão do relator de manter as taxas de isenção de alugueis de FIIs.  Especialistas também não acham uma boa ideia a extinção de juros sobre Capital Próprio (JCP), uma medida mantida pelo relator em seu relatório.

Em relação ao IRPF, ou Imposto de Renda de Pessoa Física, o relator Sabino manteve as propostas apresentadas pelo governo: aumentar a faixa de isenção dos atuais 1.903,98 reais para 2.500 reais, uma correção de 31%. Ou seja, 5,6 milhões de pessoas serão inclusas na lista das que não precisam declarar Imposto de Renda.

Algumas reformas não são necessárias, e prejudicam mais do que ajudam. Me refiro à reforma administrativa. Mas o caso com a reforma tributária é diferente. Ajustes desse calibre no nosso sistema são necessários. Na verdade, faz anos que esperamos por eles.

Tributar dividendos em 20% e unificar a taxa de investimentos pode ser um importante avanço, já que caso o projeto seja aprovado a cobrança de impostos ocorrerá diretamente na fonte. De acordo com o governo, esse passo é necessário para compensar outros pontos, como a correção da tabela do IR para os trabalhadores, algo também urgente e que não ocorre há seis anos.

O ponto central é que, considerando o futuro do povo brasileiro em primeiro lugar, a reforma tributária pode se mostrar muito efetiva. Agora que começou a caminhar, nos resta cobrar os responsáveis caso algo saia dos trilhos – o que não ocorreria pela primeira vez. Fica a torcida pela melhor decisão.

 

Fonte: CNSP.org / Autor: Antonio Tuccilio, presidente da Confederação Nacional dos Servidores Públicos (CNSP)

 

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